quinta-feira, 17 de novembro de 2011 | By: Volvard

O conto da magia - Parte 1 - O Despertar

Às vezes me pergunto qual é o meu papel nesse mundo. O que eu posso fazer para modificar o mundo, transforma-lo num lugar mais pacifico. Mas eu não sou um herói, não tenho força nem ao menos para erguer uma espada.
Eu, Elarian Modius, apenas um camponês, vendo meu povo sofrer nas mãos de tiranos, sendo atacados por monstros e mais monstros, e o que eu posso fazer além de rezar para que os deuses nos protejam?
Meu nome é Modius, e espero que esse nome seja lembrado daqui pra frente. Depois de tudo que passei, não posso mais ficar parado, só a observar o que acontece. Sinto que dentro de mim há um chamado. Um chamado do destino, algo me diz que eu não nasci para ser um mero camponês, e esse chamado que me mantém vivo.



O Despertar


De novo. Aconteceu de novo, tive aquele sonho. Ainda não entendo o porquê, mas quase todos os dias eu tenho este sonho. Ele é muito estranho. A cada vez que eu tenho este sonho, é como se ele aumentasse, antes um lapso, agora um sonho prolongado. Sinto como se eu estive mesmo naquele lugar, como se não fosse apenas um sonho. É como uma lembrança, ou uma previsão. Neste sonho vejo um mundo banhado no caos, monstros cercam os seres humanos por todas as partes, vejo gárgulas matando mulheres, goblins furtando as casas, vejo homens lutando contra os monstros, em uma tentativa tola e ineficaz de salvarem suas vidas. Eu vejo isso do alto de uma colina, uma lágrima escorre em minha face, e envolvido pelo sofrimento das pessoas, eu grito. Tudo ao meu redor é envolvido por uma luz intensa, que não me cega, mas parece queimar os monstros. E então eu acordo em meu quarto, o grito em meu sonho é substituído pelo cantar do galo.
Acordo em meu quarto, minha cama está uma bagunça. Um aroma de café chama minha atenção à cozinha. É dia de ir para o campo a colheita está muito próxima, me levanto e ando em direção à janela, o dia está lindo, mas o sol está forte, o chão emana um mormaço que parece nos sufocar. Dirijo-me a cozinha, está muito quente. Parece que essa colheita não será das melhores. Fato que parece não atingir o bom humor de minha mãe, que sozinha, sempre cuidou de mim e conseguiu permanecer sempre com um sorriso no rosto, mesmo sabendo que não é satisfatória a situação em que vivemos, ela parece não querer transparecer que a situação é difícil. Ela ainda me trata como criança, ela parece não ver que já tenho meus 16 anos, ela acha que eu não percebo o que realmente se passa.
Moro próximo do Vilarejo de Furdah. Aqui os moradores se unem para cultivar batatas. Porem, nem tudo que plantamos é nosso, o Rei Kirr, lorde do Reino de Koldom, cobra impostos altíssimos sobre nós, e quase tudo que temos vai para o reino. Em troca disso, o rei nos protege contra seres que possam vir a atacar nosso vilarejo, mandando seus soldados para nos proteger. Vivemos próximo do bosque de khalaha, local perigoso e enfestado de monstros e seres não muito amigáveis, que já passaram pelo nosso vilarejo milhares de vezes, deixando varias mortes no caminho.
Outro dia se inicia, dessa vez eu não tive o sonho. Tomo meu café-da-manhã e saio para mais um dia de trabalho, dou um beijo em minha mãe e então parto. A caminho do campo passo pelo vilarejo de Furdah. No Poço de Furdah, local central do vilarejo, vejo uma tropa de soldados do rei Kirr. Eles parecem discutir com alguns moradores. Aproximo-me para tentar ouvir o que eles falam.
- Se vocês não pagarem o que o rei cobra, não iremos mais prestar nossos serviços de proteção ao seu vilarejo. Diz em voz alta um dos soldados.
- Não é que não iremos pagar, mas a colheita vai mal. O que temos mal dá para encher a barriga de nossas crianças. Grita uma senhora de idade ao fundo.
- Sem pagamento, sem proteção. A partir de agora, até o momento em que vocês paguem o que devem ao rei, este vilarejo se encontra sem a proteção do Reino de Koldon.
Os camponeses gritavam por clemencia, os soldados pareciam não se importar, subiam em seus cavalos e foram embora.
Sem saber o que fazer para acalmar a população, o mais correto naquele momento parecia ser ir para o campo, e ajudar os outros camponeses na colheita, para que logo pudéssemos pagar ao rei.
Pagar ao rei, por que devemos pagar ao rei? Muitos e muitos homens saem de seus vilarejos para serem soldados do rei Kirr. Em minha concepção, no momento em que eles vão em busca de ser soldados, eles estão traindo seu povo. Embora saiam com o ideal de conseguir as armas e o treinamento para protegerem seus vilarejos, ao retornar, sua cabeça está muito mudada, após provarem do luxo de ser um soldado, em relação a ser um camponês, eles esquecem aqueles que amavam e então voltam apenas como carrascos dos tiranos. Protegidos por muralhas, armaduras e espadas, eles parecem não se importar mais conosco. Dizem nos proteger, mas na verdade são nossos maiores opressores.
Dois dias se passam desde a passagem dos soldados por aqui. Eles realmente não voltaram para nos defender, mas me pergunto: realmente precisamos pagar ao rei para nos proteger?
O dia da colheita chegou. Hoje trabalhei no campo por horas, a maioria dos meus companheiros de trabalho haviam saído para almoçar, mas a maneira que os soldados trataram meu povo tirou minha fome, a maneira que o rei nos trata, a nossa situação miserável e tudo mais havia tirado minha fome.
O tempo passara e meus companheiros não voltaram, coloquei a cesta cheia de batatas ao chão, enxuguei meu rosto suado, e ao olhar para o vilarejo, vejo uma fumaça negra que paira sobre as casas. Corro para o vilarejo imediatamente, com medo do que pode estar acontecendo, e munido da estúpida ideia de achar que algo útil poderia eu fazer. Armo-me com uma pá e sigo em frente. Ao chegar próximo do vilarejo consigo ver corpos de meus companheiros jogados ao chão, banhados em sangue, ninguém foi poupado, há crianças, mulheres e idosos no meio de uma grande poça de sangue, a pá que carregava como arma agora cai de minha mão, eu entro em um estado de choque ao ver o que ocorre. As casas estão destruídas e uma delas se encontra em chamas. Ouço gritos ao longe, parece que o que atacou a cidade ainda se encontra lá. Em um pequeno momento de lucidez, lembro-me de minha mãe. Desespero-me e corro em direção a minha casa, não passo pelo vilarejo, vou pelos ao redores. Vejo rastros de devastação, pegadas encontradas no caminho me mostram que o que ataca a cidade, naquele momento, são monstros, vejo minha casa ao longe, não há sinal de fogo na casa, mas quando me aproximo, a porta quebrada só aumenta meu desespero, entro na casa silenciosamente, com medo de que o que quebrara a porta ainda estivesse ali dentro. Me deparo com minha casa absolutamente destruída por dentro, o pouco que tínhamos, agora, se tornara nada, olho para os lados e não encontro minha mãe. Ouço um murmuro vindo de meu quarto, corro e vejo minha mãe ao chão. Em seu abdómen um corte jorra sangue sem parar, nos seus braços, a furos, como se tivesse levado uma mordida. Olho para a janela e vejo ao longe um ser que corre em direção à cidade, aquele deveria ser o monstro que atacou minha casa, que entrou em meu lar e destruiu tudo que eu mais queria bem, o ser desaparece entres as árvores, olho para o chão e minha mãe se debate, coloco-a em meus braços, mas já é tarde, ela parte. Agora os deuses a guardam, pois eu não tive forças para fazer o mesmo por ela em vida.
Eu deveria estar chorando, mas não consigo. Meu corpo está paralisado, e sinto algo que não sei descrever. Aquele sentimento de impotência está mais forte agora do que nunca. toma.
Um barulho na cozinha chama minha atenção. Ainda há um monstro ali. Aquele sentimento de vingança me faz levantar, sinto o ódio correr em minhas veias. Não sei se posso chamar isso de coragem, ou chamo de ignorância, mas eu vou sem medo para a cozinha. Me deparo com um constritor, ser de pele cinzenta, espinhos nas costas, olhos grandes, sem boca, suas mãos possuem pequenos dentes pontudos, de seu braço sai uma lamina, que ainda escorre um pouco de sangue, provavelmente o sangue de minha mãe. Estes seres agarram suas presas em suas mãos, e uma vez que ele as tem ali, ele suga a alma de sua vitima até que ela morra.
Em minha cabeça, eu devo matar aquele ser, mas como? Não possuo nenhuma arma para ataca-lo, é melhor correr. Mas antes que minhas pernas se movessem, o constritor olha em minha direção. Naquele momento eu me desespero, pra onde foi aquela minha coragem?
Este sou eu, Elarian Modius, na tentativa de uma vingança, cego pelo ódio, morrerei nas mãos de um constritor, vendo minha vida fugir de minhas veias, morrerei com um idiota, sem ter sido ninguém em minha vida.

O constritor salta em minha direção, eu tento me defender colocando a mão na minha frente, mas já imaginando que de nada adiantará, eu fecho os olhos. Ouço uma pancada na parede. Quando abro os olhos, eu vejo o constritor no chão, jogado contra a parede. Me pergunto o que aconteceu, o monstro parece estar hesitante em me atacar novamente, o monstro pula novamente em cima de mim, e desta vez, sem fechar os olhos, vejo de minhas mãos saírem um pulso de energia, que novamente joga o monstro contra a parede. Não faço a menor ideia do que ocorrera ali, mas a coragem retorna, seja o que for aquilo, eu tenho poderes para vingar a minha mãe e meu vilarejo. Movo minhas mãos e ergo o constritor no ar, vejo ele se debater, como se algo segurasse seu pescoço. Aquele ser que já matou tantos, que amedronta a todos, agora está em minhas mãos, penso em como matarei ele, eu o seguro, mas temo me aproximar dele. Mas minha duvida acaba quando uma chama se acende em minha mão esquerda, o fogo que ali se encontra não me queima, mas ainda sim emite um calor intenso, eu arremesso essa bola de fogo contra o constritor, rapidamente eu o vejo cair em cinzas.
O que foi aquilo? De onde veio isso? Não sei o que os deuses preparam para mim, mas isso em minhas mãos é incrível, e não podia ter chegado em melhor hora.
Agora é hora de ir a cidade, esses monstros não sabem o que espera por eles, o sangue derramado agora será o deles.
Corro em direção ao vilarejo, que agora se encontra em um silencio assombroso. Corpos ao chão, sangue derramado, todo o vilarejo foi destruído. Vejo um dos constritors em uma casa, quando vou a ele, outro salta em cima de mim. Com meus poderes, eu o arremesso em dentro do poço. O outro, ao ouvir o barulho, corre para fora, quebrando a janela e parando em minha frente. Ele finta seus olhos no meu, e então, eu lhe arremesso uma bola de fogo, ele esquiva, sobre no teto da casa. Preparo-me para arremessar outra bola de fogo, mas sou surpreendido por um ataque em minhas costas. É o que caiu no poço. Eu o tiro de cima de mim.
Agora, estou cercado pelos dois. Eles parecem estar sedentos por minha alma, o combate parece excitar-lhes mais e mais. Os dois saltam em cima de mim. Tento me esquivar, mas não consigo, um deles me pega pelo pé. Eu então lhe atiro uma bola de fogo, e ele vira cinzas. O outro se afasta e tenta fugir. Mas é impedido de continua, por uma barreira de chamas que eu invoco. A barreira de chama se torna um circulo que, por sua vez, se fecha sobre o constritor. Que também se desfaz em cinzas.
A adrenalina que corre em minhas veias é incrível. Sinto uma forte dor na perna, foi aquele constritor, ele me mordeu. Coloco minha mão sobre o ferimento para tentar fazer pressão. Minha mão passa a emitir uma luz dourada, e a dor passa. Tiro minha mão para ver o que ocorreu, e não há mais ferimento, eu me curei por completo.
Aquele poder é magnifico, e parece não ter limites. E eu devo usa-lo para me vingar.
Devo destruir todos os constritors? Não! Não foram apenas os constritors que fizeram isso com meu vilarejo, com minha mãe. A culpa de isso ter ocorrido é do Rei Kirr. Sim, foi ele que nos negou proteção quando mais precisávamos

1 comentários:

blogbook disse...

Guito, primeiro capitulo ta demais quero logo ler os proximos capitulos. ahah :]
Nicky

Postar um comentário