terça-feira, 27 de dezembro de 2011 | By: Volvard

O Principe Sem Reino - Capitulo 1 - O dia em que o sol não raiou.

Muito além das Colinas de Peltimont, e próximo ao Monte Volshar, existe um reino banhado em felicidade e prosperidade, o Reino de Emeldor. Até o mais baixo pebleu sente-se feliz nessa cidade, com campos verdes e vastos, com as cristalinas águas do Rio Volshar que nasce no Monte Volshar e banha a cidade, alimentando a todos com seus peixes, e irrigando nossas plantações.
Eu, Andrews Mordan, sou o príncipe desta cidade, e o futuro rei, que prometi, diante do povo e dos deuses, proteger esta cidade, e fazer dela um lugar tão agradável de se viver como meu pai, o Rei Arkhus Mordan, e meus antepassados vem fazendo.
As vezes paro na sacada de meu quarto e passo horas a observar a vista de meu reino, e agora, que a primavera começa a fazer desabrochar as primeiras flores, e trás com ela o lindo canto dos mais lindos pássaros, e a mais belas borboletas, a cidade parece uma pintura que nem mesmo os melhores artistas da corte conseguiriam pintar. É realmente uma vista de encher os olhos.
Outra visão que muito me agrada é quando saio cedo com meu pai para caçar, e na Floresta Verdejante, vejo o Palácio Branco, um palácio construído a centenas de anos, com torres tão altas que parecem quase furar o céu. E hoje é mais um dia que terei a honra de ter esta visão, é dia de caçar com meu pai, acordei antes do nascer do sol, e antes mesmo dele sair de trás das colinas de nos dar a honra de sua companhia, nos já havíamos partido em direção a Floresta Verdejante.
Meu pai está ansioso, espera que hoje consiga caçar o javali atroz que em caçadas anteriores fugira dele e já chegara a machucar um de nossos cavalos.
Não demora muito e meu pai consegue achar rastros do animal, meu pai puxa seu arco e seguia furtivo em meio a mata. Eu puxei minha espada e o segui. Mais a frente estava ele, que aparentava ser o mesmo que encontramos em caçadas passadas, meu pai mandou que eu ficasse parado, e foi o que eu fiz. Meu pai, então, seguiu sorrateiramente para a direita, cercando e espreitando o animal. Quando tudo parecia perfeito, e a morte do bicho parecia certa, meu pai acaba por mexer um arbusto, o javali atroz olha para trás e encontra meu pai, que, sem pensar duas vezes, dispara uma flecha contra o bicho que pega em sua pata traseira. Mas esse javali é grande demais para cair apenas com isso, e então ele corre, e para meu desespero, ele corre para cima de mim. Com um grito meu pai diz:
- É com você Andrews!
Com muito medo de levar mais flechas, e obviamente assustado com os gritos de meu pai, o javali salta sobre o arbusto em que me encontro, sem perceber que ali estou. Eu então ergo minhas espada e o javali salta sobre sua lamina. Terminando assim a dura batalha que este animal proporcionou a mim e a meu pai por semana.
Com um sorriso no rosto, eu e meu pai retornamos para o reino, aos portões da cidade, A Guarda do Rei nos espera como de costume, para levar o Rei aos seus aposentos e deveres, mas algo está diferente hoje, o principal Conselheiro do Rei, o poderoso mago Otrius Temna, se encontra em meio os cavaleiros, com uma cara de quem não tem boas noticias.
- Alteza, majestade. Peço desculpas por interromper vosso momento de descontração, mas temos algo de muito estranho acontecendo
- O que acontece, Temna, que não podes nem mesmo esperar que eu volte ao palácio para me avisar? Questiona meu pai.
- Sua majestade, é o Rio Volshar.
- O que houve com o Rio?
- É melhor o sua majestade ver com seus próprios olhos.
Nos dirigimos então até o Rio que corta a cidade ao meio. E ao chegarmos lá, deparo-me com a água que era tão cristalina, agora se encontra negra. A colheita que recebe água do rio, se encontra morta, peixes bóiam mortos sobre as águas.
- O que houve aqui Temna, é bruxaria?
- Não sei, sua majestade, mas seja lá o que for, vem direto da nascente, no Monte Volshar.
- Irei mandar meus homens para lá. Seja lá o que for, deve ser resolvido o quanto antes.
Algumas horas depois cerca de 50 cavaleiros partem para observar o que teria acontecido. No dia é anunciada com sinos a volta dos cavaleiros. Eu, meu pai, Temna e alguns nobres vamos recebê-los imediatamente, para saber oque houve com o rio. Mas nos deparamos com apenas um cavaleiro ensanguentado, carregando em suas costas outro cavaleiro que parece a beira da morte. Ao chegar a nossa frente, o cavaleiro desaba do chão, o outro em sua costas despenca, este, por sua vez, já está morto. Meu pai ergue o cavaleiro que caíra e o questiona:
- O que houve, homem? Diga! Não chegastes até aqui para morrer em minha frente e sem nenhum resultado!
- S-s-são demonios, majestade. São muitos, e um deles é muito forte.
- Como assim? De onde eles apareceram?
- Do interior do Monte Volshar parece haver uma cripta, ou algo assim. É de lá que o mais forte deles saiu, os outros apareciam aleatoriamente de nuvens negras, nos cercaram e no mataram a todos.
- E o que este demonio faz aqui?
- Eu não sei, sua majestade. Eu não sei...
O cavaleiro morre, o Rei fecha seus olhos, joga o corpo no chão e olha para Temna com uma cara de espanto.
- Quem é esse demonio, Temna, quem?!
- Você conhece as lendas, majestade.
- Lendas são lendas, que os pais contam para assustar crianças que não querem dormir.
- Nem todas, sua majestade, nem todas. É da sabedoria de muitos que está terra não era assim tão pura a mais de mil anos. A verdade é que aqui reinavam os demonios. E só quando seu antepassado Emeldor Mordan chegou aqui é que ele expulsou todos os demonios, mas estes juraram vingança. E a lenda conta que um dia eles retornariam para que pudessem voltar a reinar onde hoje moramos, majestade.
- Tsc... Em meu sangue corre o sangue do poderoso Emeldor Mordan, e se aqueles demonios pensam que podem vir aqui e destruir tudo que criamos com tanto esforço, eles estão muito enganados. Temna, vá imediatamente ao General Durmoc e diga para preparar todos os seus homens para o combate, pois repetiremos o feito de Emeldor, e será tão magnifico quanto.
Os cavaleiros estão todos a postos para o combate, por toda a cidade a um vigília, noite a dentro os soldados guardam a cidade.
Eu acordo, mas o sol parece não ter acordado ainda. Pergunto-me se pela minha tensão eu tenha dormido pouco, mas ao olhar na sacada de meu quarto eu vejo o céu coberto por uma nuvem negra e densa. O dia não irá raiar hoje, ao longe vejo pássaros abandonando a Floresta Verdejante. Meu coração começa a palpitar fortemente, me pergunto o que será de nós se este demonio for tão poderoso assim. Mas de nada adianta eu me trancar em meu quarto, é hora de estar ao lado de meu pai. Desço e encontro-o de armadura, a tempos já não o vejo trajado assim.
- Vista já um traje mais adequado, assim morrerá facilmente no campo de batalha.
- Como assim "no campo de batalha", pai? Você acha que será necessário lutarmos, não confia em nossos cavaleiros?
- Claro que confio, mas este não é um trabalho para eles. Está no nosso sangue Andrews. Você é Mordan. Nosso maior dever não é sentar em uma almofada vermelha e se sentir no poder, nosso dever para com este reino é protege-os, para isso estamos aqui.
- Sim senhor!
Me dirigi ao meu quarto e ordenei aos empregados que levassem uma armadura pra mim, e que fossem me ajudar a trajar-me. Os empregados estavam demorando demais, eu esperava-os ansiosamente, quando escuto os sinos do palácio badalarem. Corro para a sacada de meu quarto, e vejo um demonio se aproximando do reino, meu pai e seus homens correm em direção ao demonio, meu pai em seu cavalo vai a frente. Fico paralisado ao ver que o demonio invoca vários demonios menores que seguem vorazmente em direção ao exercito. Meu pai mata vários demonios com sua espada e segue em direção ao demonio que parece comandar aquele ataque, mas o exercito parece não ter tanta sorte, muitos homens morrem nas mãos dos demonios menores. Meu pai chega até o líder, desce do cavalo e ataca bravamente o demonio, o acertando em cheio em seu peito. Pulo de alegria e dou um grito em êxtase, mas quando volto a visão ao campo de batalha, vejo o demonio segurando a lamina da espada de meu pai e a quebrando, o golpe que lhe foi dado nem mesmo o arranhou, com laminas em suas mãos, o demonio ergue meu pai pelo pescoço, e corta a cabeça de meu pai. Temna que se encontrava perto de meu pai, desaparece em um piscar de olhos, e aparece ao meu lado.
- Temna?! O que fazes aqui? Vá ajudar meu pai.
- Já é tarde, jovem principe.
- Precisamos salvar nosso reino! Vamos, eu vou! Eu vingarei o meu pai!
- Impossível, aquele é Glabrezu. Um demonio muito poderoso, é vossa alteza que irá mata-lo, mas não agora, não hoje. Seu destino é grandioso, jovem príncipe. Mas agora não é a hora de confronta-lo. Você deve fugir e procurar treinar para um dia salvar aqueles que aqui vivem.
- O que você está falando? Está louco, Temna? Eu irei agora!
- Não. Não ira!
Temna fechou os olhos, recitou palavras em uma língua que eu não compreendia. E então, eu comecei a voar, como um meteoro cortando os céus, eu voei pela janela de meu quarto. E não podia me controlar. Era Temna, era magia dele. Minha vista foi escurecendo e eu apaguei.
Acordo em baixo de um monte de feno. Me levanto e me limpo. Estou em um pequeno vilarejo, em um estábulo bem sujo. Saio do estábulo e olho ao redor, nada desta paisagem me parece familiar. Parece que eu estou bem longe de meu reino. Pensando bem, que reino? Por que agora, este sou eu, um príncipe sem reino, mandado pra longe para viver com a amargura de ter visto meu pai e meu reino serem tomados de mim. O que eu farei agora?

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